Jornalismo hiperlocal para o seu bairro

Na eterna busca para achar um lugar para morar por aqui (parece que isso nunca acaba e já me mudei três vezes em sete meses), caí, não mais que de repente, em um bairro chamado Fort Greene. Em pouco tempo, andando por suas ruas, fiquei apaixonado e intrigado pela região. É uma das poucas regiões de Nova York em que a gentrificação (retirada das classes mais baixas pelas mais altas, por meio de reformas estruturais e especulação imobiliária) não é sinômino de segregação racial. Negros, brancos, imigrantes, latinos e outros tantos tipos de pessoas frequentam e moram no mesmo local, em aparente harmonia.

Pesquisando sobre a região, descobri que Fort Greene é a segunda área coberta pelo projeto de jornalismo local do The New York Times, o The Local. Em parceria com a universidade de jornalismo CUNY (The City Universtiy of New York), o site cobre os acontecimentos apenas daquele bairro, em um jornalismo hiperlocal. No blog, pode-se ver performances de artistas que acontecem no parque que dá nome ao bairro histórico; perfis de moradores considerados interessantes, como o produtor de música “afro-punk” e a estilista que ganhou um reality show de moda; e até a seleção do cachorro do dia (nhóm!).

As reportagens e o conteúdo são feitos tanto pelos alunos da universidade, quanto por moradores e colaboradores da região. É o jornalismo colaborativo (ou cidadão, para usar a expressão) como meio para engajar as pessoas na comunidade. Esse tipo de cobertura é um belo jeito para melhorar a noção de, realmente, pertencer a um determinado lugar – e não apenas considerar os bairros como locais para dormir e/ou guardar os objetos pessoais. Há a história, vizinhos, notícias e eventos que podem fazer com que se tenha uma vida mais social e menos corrida. O engajamento pode até melhorar a qualidade de vida, pois amplia as atuações das pessoas e faz com que, inclusive, os vizinhos se conheçam e compartilhem informações.

As ferramentas digitais trouxeram o conteúdo local de volta à tona pela facilidade de que, agora, qualquer um pode cobrir o bairro que mora. Se antes era necessário um jornal (que depende de arte, diagramação, impressão e distribuição), hoje se pode relatar o que acontece na rua diretamente de casa e postando em um blog.

A Knight Foundation, uma das maiores fundações que financiam projetos pioneiros de jornalismo e engajamento cívico, por exemplo, já ajudou diversas iniciativas, como o Community PlanIT (que traz a sociedade civil para decisões estruturais) ou o Center for Collaborative Journalism (Centro de jornalismo colaborativo, em tradução livre e que é auto-explicativo).

Que tal começar a relatar o que acontece em seu bairro?

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