Arduíno: robôs em código aberto


O conhecimento deve ser aberto, com possibilidades para que qualquer um use, reuse e recrie em cima da produção de outros. Quanto mais se abre o conteúdo para essas possibilidades, mais se consegue inovar culturalmente. Nada se cria, tudo se transforma, como já aprendemos desde o colégio. O mesmo acontece para o hardware, para a parte física do computador, como as placas usadas.

O projeto Arduíno foi revolucionário em muitos quesitos, mas os principais estão na abertura do código da placa e no barateamento do custo. Em 2005, um grupo ligado à Interaction Design Institute Ivrea, na Itália, decidiu desenvolver uma placa que reduzisse os custos dos alunos referentes ao aprendizado de hardware nas escolas. Eles, então, começaram a planejar uma placa que tivesse uma programação mais tranquila – e daí surge o Processing – e que aberto para outras comunidades, já que eles não sabiam o futuro do instituto que eles trabalhavam pois havia ameaças de fechamento da instituição. Se a orgaização fechasse, poderiam haver sanções legais para parar o projeto se ele estivesse licenciado sobre licenças mais duras de autoria.

Foi aí que surgiu a placa em código aberto tão usada atualmente. Muitos artistas e pessoas interessadas em eletrônica têm usado as versões do projeto por serem mais baratas, terem acessibilidade aos diferentes sistemas operacionais (Window$, MacO$ e Linux), entrada USB e código muito mais simples para a construção de softwares de gerenciamento. Com o  desenvolvimento compartilhado entre diferentes comunidades, pode-se assim reduzir custos de manutenção e atualização.

Muitos brasileiros, graças ao mecanismo do Arduino, conseguem desenvolver obras eletrônicas, como robôs ou mecanismos mais artísticos. Um dos grupos que estuda esse tipo de desenvolvimento é o Garoa Hacker Clube, um hackerspace aqui em São Paulo que tem um braço aqui na Casa de Cultura Digital, ocupando o nosso famigerado porão.

Às quinta-feiras, por exemplo, o pessoal organiza a Noite do Arduíno, para ajudar o pessoal a iniciar a programação usando essa plataforma. Vale a pena acompanhar a discussão e o que se é produzido.

Só a facilidade provocada pela redução de custos mostra quão popular se pode tornar esse tipo de programação. O documentário abaixo sobre a criação do projeto mostra exemplos de uso, como um professor que ensina seus alunos do colégio a construírem robôs, instrumentos musicais e tantos outros artefatos apenas com Arduíno.

É mais uma forma de popularizar e aproximar o cidadão comum de situações consideradas, digamos, complexa. A eletrônica sempre foi vista como um bicho de sete-cabeças – o que é fomentado por empresas de tecnologia justamente para conseguirem vender mais construções simples com propaganda de inovação. Quanto mais vermos que isso pode ser simples, mais pessoas podem se interessar e mais inovações podem surgir por aí, incluindo comunidades mais carentes e com menos acesso.

É só abrir o conteúdo!

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