Urbanismo expandido


As fronteiras que a tecnologia derrubou – ou entortou – não são apenas virtuais ou digitais. As físicas também sofreram modificações com a cada vez maior democratização do acesso às redes e ao maquinário necessário. As cidades, então, precisam pensar em como usar isso para seu melhor proveito.

Pode parecer utópico que o digital interfere nas estruturas físicas, mas é só pensar em alguns exemplos: a famosa Times Square, em Nova Iorque, é uma demonstração de que o conteúdo das telas dos anunciantes podem alterar nossa percepção com o mundo ao redor e das estruturas físicas do prédio. Se antes seriam vistos apenas traçados da arquitetura de um prédio, hoje esses mesmos traços são ocupados com LEDs para colorir, projetar e receber informações.

A arquitetura física, antigamente, era apenas moldada com a ação da natureza, ou seja, pelas modificações do sol (sombra e variações de luminosidade), incidência de chuvas (água escorrendo) ou balanceio dos ventos. As mais recentes tecnologias, e a possibilidade de intervir por meio da rede, fazem com que a arquitetura seja explorada por uma outra linguagem, modificando a forma como o cidadão se relacionaria com aquelas fachadas.

Ainda no exemplo da Times Square, há dois tipos de interações diferentes entre o público e as fachadas que sustentam os painéis. A primeira é do público com o próprio painel, em que aquela tela gigantesca que está acoplada e tapando a fachada do prédio recebe e produz informações, deixando o espectador não só contemplando um objeto distante à arquitetura prevista, quanto interagindo e buscando mensagens.

A outra é do público com a própria região e função que a área tem na vida dos moradores daquela cidade. Quando se possibilita a interação dos frequentadores de uma praça, por exemplo, com os muros e construções do entorno, aquele local deixa de ser apenas um lugar de passagem para ser uma das regiões onde se obtém informação, como um cinema, um shopping, um restaurante, enfim, qualquer lugar que tenha uma função além da passagem.

E não é somente nessas regiões onde estão diversas telas e luminosos que há essa mudança. Se pensarmos no aumento de praças que disponibilizam conexão gratuita à rede, já temos uma alteração da vocação comum àquele espaço. As pessoas não vão mais ali somente para contemplar a paisagem, sentar no banco ou jogar xadrez com o avô, mas sim para também compartilhar arquivos, gravar e subir para a rede vídeos, estudar ou até escrever a pesquisa de mestrado.

As relações com a cidade se modificam de forma gigantesca quando se altera o que era estático para torná-lo dinâmico. No vídeo abaixo, um excelente exemplo de como se pode explorar algo estático com projeções dinâmicas em um belíssimo projeto artístico. Agora, resta pensarmos como isso pode nos ajudar a viver em uma cidade mais agradável, menos barulhenta e com menor poluição visual. Certeza que alguns caminhos existem para isso!

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Geraldo Pontes Ferreira júnior – diz:Cenário ou recorte virtual? Nossas cidades ainda preservam parte de sua arquitetura histórica mas poderão se tornar uma projeção virtual de seu passado. Os rumos eletrônicos da sociedade ainda desafiam a imaginação. Caricaturas de uma cultura inerte.

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