E vamos começar pela pergunta mais básica: você sabe para onde vai o seu lixo? Você sabe como é feita a separação e para onde é destinado cada tipo de material? Sabe quantos quilômetros o seu lixo viaja pelo mundo para chegar à destinação correta? Pois é. Muita gente também não faz nem ideia de o que acontece com aquela lata que se colocou dentro de uma lixeira e se esqueceu completamente. O “TrashTrack”, do MIT, pesquisa exatamente isso usando tecnologias de georreferenciamento.
Em 2009, o grupo de pesquisa ligado à universidade sediada em Massachusetts convidou 500 voluntários para participar do rastreamento de seus lixos. Ao todo, 3.000 objetos tiveram sua trajetória mapeada e seguida durante o período de dois meses em Seattle, nos EUA. O resultado foi impressionante. É interessante perceber que aquele cafezinho que você tomou e jogou na lixeira da esquina tem que percorrer dezenas – ou até centenas – de quilômetros para chegar ao lugar apropriado para sua destinação.
O projeto utiliza centenas de pequenos dispositivos que são acoplados aos diferentes tipos de objetos prontos para serem descartados. O mecanismo usa a tecnologia RFID (ou identificação por radiofrequência) para monitorar para onde o seu lixo está sendo levado. Desta forma, eles conseguiram traçar um mapa (como se vê acima) da trajetória que os descartados possuem dentro da cadeia do lixo. Além da tecnologia de rastreamento, o chip manda informações via redes de telefonia celular para triangular a posição e transmitir os dados.
Como diz o próprio site, “TrashTrack foca em como as tecnologias já difundidas podem mostrar os desafios do gerenciamento e da sustentabilidade do lixo. Será que essas mesmas tecnologias podem tornar a reciclagem de 100% dos rejeitos uma realidade?” O desconhecimento sobre o assunto é, muita vezes, o maior motivo para não se realizar a separação correta dos materiais dentro de casa. E é por isso que é necessário que se divulgue mais sobre os processos de destinação e se incentive as empresas a pensarem na logística reversa de seus produtos. A quantidade gigantesca de lixo faz com que seja essencial pensar não só na cadeia produtiva, mas também em como o produto pode voltar à fábrica para ser reaproveitado.
O grande problema do projeto foi conseguir preservar e manter o aparato funcionando durante todo o trajeto. Apenas para manter o objeto ligado foram necessários diversos testes com diferentes baterias para chegar à configuração adequada. Além disso, um invólucro resistente precisou ser confeccionado para evitar danos e quebras.
É muito doido ver que o mesmo material, mas descartado em lixeiras diferentes – embora próximas -, teve trajetos completamente diferentes. É um sinal de como a cadeia do lixo precisa ser revista e melhorada para evitar transportes desnecessários.
Vale dar uma conferida na seção “Lixo” aqui do Planeta Sustentável para ver outras informações sobre descarte correto e logística reversa.
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Thiago, será que podemos fazer o mesmo experimento nas metrópoles brasileiras? É uma forma inteligente de testar a eficiencia da coleta seletiva.