Nas bancas de revistas, se encontram diversos tutoriais e veículos sobre os mais diferentes programas de computador que ensinam os básicos e como usar melhor as ferramentas do momento. Só tem um problema: geralmente, os softwares que elas discutem são todos proprietários. São programas que exigem investimento do usuário, além de não permitir que se altere o código para adequá-los melhor às suas necessidades.
A Libre Graphics Magazine, porém, tenta sanar este problema e pegar um nicho muito mal atendido. A publicação é focada apenas em utilitários livres, de código aberto, que qualquer um pode fazer o download, usar e ajudar na construção e melhora da ferramenta. E, como diz seu manifesto, “nós sabemos que esses usuários [de softwares livres] existem, tanto profissional quanto amadoramente. Nós sabemos disso porque nós somos eles”. Ou seja, é uma revista feita pelos conhecedores de ferramentas livres para interessados em compartilhar este conhecimento.
A edição mais recente, 1.3, não cobre necessariamente apenas aplicativos, mas insere os leitores na cultura do digital. “O que é isso?” É entender quais processos os adeptos possuem ao usar as ferramentas abertas disponíveis. “Tá, mas e daí?” É analisar, por exemplo, o motivo de deixar de usar a interface do programa (os botões bonitinhos que são atalhos para as funções) para usar a linha de comando (aqueles comandos que os usuários do MS-DOS – que também é proprietário – conhecem há muito tempo…) na hora de trabalhar. Há um artigo inteiro apenas discutindo isso (“The voice of the shell-in collaboration with my computer”, por Eric Schrijver).
Outro texto é sobre como um designer freelancer migrou para o que se chama de F/LOSS (Free/libre/open-source software). Como ele fala, “meus sócios e eu sempre acompanhamos – sem ser ativistas ou pioneiros – as ferramentas alternativas que podemos usar em oposição às que ditam nossos hábitos e costumes de produção nas nossas áreas (gráfica, vídeo, fotografia). Nossa primeira mudança foi motivada por escolhas econômicas (nós não podíamos mais bancar a compra de todos os programas necessários) ou problemas técnicos (para encontrar nossas necessidades que o software proprietário não cobre ou para resolver incompatibilidades).” Ele ainda debate um pouco mais sobre o processo de mudança, mas é interessante notar os motivos que fazem a migração para ferramentas mais livres.
Vale ressaltar o papel importante desta publicação no mercado editorial. É mais um veículo de comunicação divulgando os conceitos de software livre e a ideologia que há por trás dessas ferramentas. Querendo ou não, a importância de poder alterar o código, por mais que seja por uma pequena parcela dos usuários apenas, está atraindo cada vez mais a atenção do grande público.
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