Entrevista coletiva #commarina Silva


Fui convidado para participar de uma roda de conversa ontem (segunda-feira) entre pessoas que trabalham com mídias sociais (“representantes da academia, empreendedores, ativistas, comunicadores e, principalmente, pessoas que misturam várias dessas etiquetas”, como descrevia o e-mail que foi mandado aos participantes) e a pré-candidata à presidência Marina Silva, do Partido Verde, e o vice de sua chapa, Guilherme Leal (presidente da Natura).

Não é segredo que os candidatos a essa eleição, seja para presidente ou governador, usam e usarão ainda mais as mídias sociais para conseguir angariar votos e até financiamentos para suas campanhas (todos bem inspirados nas eleições norte-americanas que culminaram com a vitória de Barack Obama, em 2008). Quem quiser acompanhar o que foi falado na entrevista, pode procurar pela tag #commarina pelo twitter.

O meu objetivo era ver, justamente, como as tecnologias podem ajudar um candidato e promover a mobilização política aqui no Brasil; e entender – e acompanhar – se, realmente, teríamos o primeiro caso brasileiro de uma influência direta das tecnologias na decisão política eleitoral do país.

Ao chegar, porém, me deparei com praticamente um Roda Viva, célebre programa da TV Cultura em que há um entrevistado no centro e uma roda de entrevistadores ao redor fazendo perguntas. A conversa acabou sendo uma entrevista realizada por pessoas que trabalham com mídias sociais (sendo muitas jornalistas formadas).

Na rede, há o conceito de que pensar verticamente, com alguém na ponta da pirâmide, não é a melhor solução para que se consiga promover a cultura ou incentivar a criatividade, por exemplo. As comunidades de software livre mostram que pensar em um plano mais horizontal, de pares, é mais eficaz e rico do que considerar alguém como o especialista em determinado assunto. O encontro se baseou neste preceito ao promover o que deveria ser uma conversa, mas que acabou sendo completamente unidirecional, com a candidata falando e os convidados perguntando.

Marina Silva abriu a entrevista coletiva avisando que não era uma usuária assídua de internet ou computador. Como ela mesma disse, ela teve seu “batismo digital” há um pouco mais de um ano (ela até participou do batismo promovido pela Campus Party 2010 durante o evento).

Tendo isso em mente, e considerando que a organização tentou levar representantes de diversos setores que trabalham com a cultura de rede, por que não colocar a candidata para fazer perguntas para os convidados, em vez de o contrário? Por que ela, baseado na experiência de cada um, não questionou o que lhe interessava para entender melhor tanto as mídias sociais quanto as ideias de cada um para políticas públicas referentes ao tema? Por que não usar esses contatos para começar a traçar seu plano de governo, aberta e colaborativamente?

Quando questionada sobre as principais discussões atuais envolvendo cultura de rede e políticas públicas (Marco Civil da Internet, Reforma da lei de direitos autorais e o Plano Nacional de Banda Larga), a senadora respondeu o quanto achava importantes as discussões relacionas ao tema, mas não deu uma resposta concreta referente a como isso seria tratado em seu governo caso ganhe a eleição.

Sobre o PNBL, ela respondeu que não tem uma resposta concreta, e era por isso que tinha organizado o encontro, para iniciar uma conversa com as pessoas que, teoricamente, entedem e estão preocupadas com o assunto. Mas como serão as conversas? O que o plano de governo dela defende? Como serão as estruturas para organizar e promover a participação da sociedade civil na construção deste plano?

Caio Túlio Costa, coordenador de mídias digitais de sua pré-campanha, foi o primeiro a dar uma resposta objetiva e concreta. Segundo ele, o que teremos em breve é um sistema de microfinanciamento no site da presidenciável para que qualquer um possa contribuir com a campanha. Embora não relacionada às questões levantadas, a resposta aponta para um possível caso de como os cidadãos poderão participar ainda mais da candidatura dos seus políticos preferidos.

Ao final, a sensação que se passa é que, sim, pode ser que tenhamos uma referência no futuro envolvendo as tecnologias e participação maior da sociedade civil na eleição de um candidato. Mas ainda não se sabe se de sucesso ou de fracasso. Só fica o pedido para que a conversa realmente aconteça.

E logo.

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