O Rio, para mim, sempre teve cheiro de veneno de barata. Na casa de minha avó, no Flamengo, lá estava o tubo ao lado de garrafas de vidro de coca-cola, na despensa embaixo da pia. Na casa de minha outra vó, em Del Castilho, o tubo ficava a postos ao lado da porta para o quintal. Só em Ramos, na casa de minha tia, que o Rio tinha cheiro de lua cheia amarelo-lobisomem. Aquele cheiro aterrorisava minhas noites. Hoje, só sinto o cheiro ocre de quando as baratas eram minhas cúmplices.