Aprendizado em 8 bits


Esse mundo tecnológico é muito louco. Em vez de pensarmos em todas as tecnologias disponíveis para trabalhar, acredita-se que uma tecnologia substitui a outra, como se a anterior fosse algo completamente ineficaz para qualquer tipo de atividade. Se lançam uma versão nova do meu celular, devo jogar a antiga fora e nem pensar no que eu poderia fazer com aquilo.

Por acaso, você se lembra dos video-games 8 bits, como o famoso Atari e o Dynavision? Hoje, os gráficos e a linguagem parecem obsoletos e sem nenhuma função, né? Errado. A mesma tecnologia hoje é usada para a produção de jogos educativos mais acessíveis à classe média emergente.

No mundo, cerca de 4 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 3 mil por ano, ou seja, R$ 459,25 por mês (quantia menor do que o salário mínimo brasileiro – que já é bem baixo). Seria impensável acreditar que elas conseguiriam bancar quase R$ 1.000 para conseguir ter acesso a eletrônicos para melhorar o aprendizado.

A Fundação Playpower, por causa disso, desenvolveu uma plataforma para jogos educativos que custa apenas US$ 12 (ou R$ 22)! A entidade é uma colaboração entre as Universidades de São Diego, Stanford, MIT e a USP.

Os jogos utilizam a interface em 8 bits, que foi praticamente abandonada depois dos consoles mais modernos. A plataforma é composta por um teclado parecido com o do computador tradicional e dois controles. Os jogos são criados em cartuchos, que são acoplados ao teclado.

O preço reduzido foi atingido por usar um chip de processamento que perdeu a patente anos atrás. Graças a isso, os produtores (geralmente sediados na Índia e China) não precisam gastar recursos com o pagamento de royalties e licenças. Além disso, eles fazem parcerias com fábricas que já desenvolvem consoles similares para a produção do video-game. A partir daí, o console é distribuído ao redor do mundo.

O desenvolvimento dos aplicativos, de acordo com o diretor do projeto Derek Lomas (em inglês), é tão simples que até crianças da quinta série poderiam se aventurar (crianças de algumas escolas da Índia e China, que possuem em sua grade curricular aulas de programação básica – o que, aliás, seria algo interessante para as escolas brasileiras, já que programação é uma língua que veio para ficar).

Outras entidades já tentaram prover recursos tecnológicos a baixo custo, como foi o caso da OLPC (One Laptop Per Child ou, como ficou conhecido no Brasil, UCA – Um Computador por Aluno). Mas atingir a margem US$ 100 para um computador pessoal ficou um tanto quanto complicada. E, mesmo atingindo, o valor ainda continua alto para alguém com uma verba mensal inferior até ao salário mínimo brasileiro.

Os desenvolvedores da plataforma estão aqui no Brasil para explicar o projeto e fazer workshops para a criação de jogos em 8 bits. Para saber mais, entre aqui.

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