A fábrica de paisagens continua a todo vapor. A informação, agora, está em todos os cantos que imaginamos e a relação que temos com o mundo muda a cada segundo. Agora no fim de novembro, faz dois anos que este blog foi programado para alertar sobre as mudanças constantes em nossas paisagens. E elas ficam cada vez mais complexas.
Há uns dias, esbarrei em uma notícia que comentava sobre uma empresa que tinha uma área de trabalho um pouco diferente. Desde quando os celulares com GPS se tornaram baratos, o uso de mapas se tornou extremamente banal. Podemos ver – algumas vezes em tempo real – qualquer lugar do mundo, de praticamente qualquer localidade do planeta. As imagens de satélite, ainda, dão um aspecto mais real a esse vigilantismo cartográfico. Mas e se as imagens captadas pelos satélites e disponibilizadas nos celulares trouxessem uma outra camada de informação?
A empresa que discuto faz exatamente isso. Ela usa os tetos dos prédios como suporte para colocar códigos, chamados QR-Codes, que levam a páginas na internet. Os QR-Codes são imagens em duas dimensões feitas com diversos quadrados, como se fossem pixels, que quando lidos por aparelhos celulares, podem remeter a uma página na internet, a uma imagem ou a um simples texto. São bem parecidos com os códigos de barras dos produtos, que uma imagem detém informações sobre o produto. A ideia é que, com os código nos topos dos edifícios, aqueles que estiverem navegando por meio de mapas e imagens de satélites possam acessar a informação sobre o prédio ou a empresa que está sediada ali.
Eu já até discuti um pouco aqui sobre a extensão do urbanismo. Estamos colocando cada vez mais camadas de informação ao nosso redor, e esperamos que haja interação constante entre o público e o espaço que está “se comunicando” (embora, em breve, não duvido que o espaço possa realmente se comunicar).
Também é interessante perceber a importância cada vez maior dos mapas no nosso cotidiano. Eles agora aparentam fazer o caminho inverso: da tela do celular ou do computador para o chão de nossa casa. Um designer alemão usa as imagens de satélite do Google Earth para compor as figuras que estampam seus tapetes. Ele captura as imagens e faz um jogo com quatro espelhos para criar um padrão diferente. Usa-se as imagens digitais para fabricar as paisagens dentro de nossas casas.
A cartografia não é mais apenas uma fonte de informação sobre a área ou a região retratada, mas agora possui diferentes camadas e pode até ser matéria-prima para outros produtos derivados (que, com um pouco mais de criatividade, pode até trazer uma outra fonte de informação).
http://youtu.be/FqO6gVCb6Bo
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[…] que, até então, não tínhamos para explorar o meio em que vivemos. O post que escrevi sobre a ubiquidade cartográfica dá uma ideia de como é difícil ver limites nas possibilidades que isso traz à vida […]