Reflexões laboratoriais: fabricando paisagens


O que podem ser laboratórios de experimentação tecnológica aqui no Brasil? Como incentivar e justificar o uso da arte como processo de educação, aprendizado, criação e, até, capacitação de novos profissionais? Como inserir a tecnologia no meio deste processo? Será a cultura brasileira adequada para este tipo de exploração pioneira?

Depois de ter escrevido sobre o livro do Felipe Fonseca, fiquei pensando em como conseguir estruturar um ambiente fértil e diverso, e focado na inovação do conhecimento. Eu concordo em grande parte com as argumentações que o autor faz sobre a situação real em que estamos. Mas se todo mundo fizesse, seria o mesmo que não haver a criatividade que tanto promulgamos. Mas se continuarmos como estamos, quem está do outro lado não possuirá campo e espaço para crescer e criar.

Como fazer? Confabulei uma cidade ideal em que todos tivessem a grande defesa de que a criação conjunta tem a mesma importância que o direito à vida na Constituição. Teríamos, de um lado, os conservadores, que estão satisfeistos com as estruturas informacionais presentes na sociedade. De outro, os modificadores (pensar em “liberais” hoje é meio inapropriado e não resolve a questão, além de dar um caráter político ainda não-presente na discussão), que querem alterar a forma como processamos e criamos as informações.

O mundo inteiro poderia ser moldado conforme as novas tecnologias permitissem, como já mostrei que será com o urbanismo e a arquitetura. Ninguém, porém, poderia apagar a criação alheia em sua essência. Se poderia apagar rebarbas e outras conclusões, mas a essência deveria ficar.

Desta forma, não só você criaria novas vertentes e ideias, como manteria a dicotomia entre os dois grupos, sempre incentivando com que eles criem mais. No final, daria para perceber que a inovação não pode, de nenhum jeito, nascer da restrição. Seria sempre do trabalho baseado na construção, em uma base inicial que colocaremos em cima, por mais que estejamos construindo com pessoas opostas aos nossos ideais.

A tecnologia, embora tenha restrição de incentivo em uma cultura como a brasileira, é uma grande promissora de linguagem para construir esse mundo, esse experimento. As paisagens seriam fabricadas por todos, modificando fachadas, praças e interações com o público. Se eu não gostasse, que eu mudasse, afinal, todos somos aptos às alterações ao nosso redor. E todos confiam que eu não estragaria ou tentaria causar algum mal, já que é o ambiente que eu convivo todos os dias. É meu, assim como dele.

E cada vez mais, a paisagens seriam bem melhores fabricadas.

Foto: Divulgação

2 Comments

Deixe um comentário para Anônimo Cancelar resposta