A separação dos meus colegas era difícil todos os dias. Queria ficar com eles o dia inteiro, para brincarmos mais e mais. Quando o sinal tocava, já iniciava uma tristeza ensaiada para quando visse minha mãe. Entrava no carro e ficava transtornado com a impossibilidade de não conseguir saber o que eles estavam fazendo naquele exato momento. Não sentia saudade. Só sentia a incompreensão de, por não estar ao lado deles, não saber como era ser o outro. Eu tinha completa noção de como era ser eu e ver o que eu via. Por que eu não conseguia ver o que o outro vê? Por que eu não podia entrar em seu cérebro, de onde eu estivesse, para dar uma espiada nas atividades do amigo? Foi aí que eu percebi que o outro sempre será o outro.