Minha escola tinha nome de índio. O significado dele era am-bi-va-len-te. Podia ser tanto amor, quanto guerra. Tanto família, quanto estranho. Na terceira série, fui convidado a um bailinho. Meu amigo com nome de cidade não conseguiu dormir até o dia da festa. Ele queria dançar. Ele queria chamar as meninas. Então, eu ficava com sua pulseira, ele ficava com a minha jaqueta. Era para dar sorte um ao outro. E fomos. A música ficava na sala. As meninas, na varanda. E fomos de novo. Eu de canto, ele com a mão levantada chamando uma para a sala. Ela disse não. As outras riram. Meu amigo também. Eu de canto. Vamos fazer algo melhor, então. Escolher frutas aleatórias que representam coisas que nunca fizemos. Não interessa quem era, eu sempre gostei muito mais de uma salada do que apenas de uma fruta. Só foi quando meus lábios encostaram os do meu amigo que percebi como do amor se faz o ódio – ou vice-versa e de novo.