Isso, realmente, não é normal


Para quem acha que as mudanças climáticas ainda são algo que só acontecerá no futuro, pense de novo. As alterações no clima já podem ser sentidas em diversas cidades, inclusive brasileiras. Quem vive em São Paulo, por exemplo, a maior metrópole do país, vive com situações cada vez mais estranhas. E para avisar: isso não é normal.

Foi lançado na semana passada um portal com reportagens, vídeos e fotos sobre o que as mudanças climáticas causam em São Paulo. “!sso não é normal” usa as ferramentas disponíveis na internet – e a facilidade de publicação – para demonstrar como a metrópole sofre com as alterações ambientais, além das consequências de uma urbanização desenfreada. A iniciativa é uma parceria entre a Webcitizien, da qual o conselheiro do Planeta Sustentável Denis Russo é diretor de informação, e a Cia da Foto, coletivo de fotografia e vídeo.

Nesta primeira fase, oito capítulos foram produzidos para demonstrar e explicar os processos que afetam a cidade. “São Paulo vulnerável”, por exemplo, pega os pontos mais importantes do estudo récem-lançado de como a capital paulista será afetada daqui a 20 anos ou menos por essas alterações. Um ensaio fotográfico ajuda a demonstrar como as chuvas afetarão a cidade, que terá que suportar tempestades cada vez mais frequentes. É preocupante ver apenas concreto e pensar por onde a água poderá escoar; ou perceber que favelas e as ocupações sem planejamento serão as mais vulneráveis.

Pode-se encontrar também uma reportagem sobre a canalização dos rios que antes cobriam a paisagem da cidade. Em “Os rios que foram asfaltados”, há uma animação com o mapa de algumas regiões da cidade que mostram o antes e o depois da urbanização. Constata-se que a Avenida Nove de Julho asfaltou o antigo rio Bixiga. E pode-se encontrar também um mapa de 1924 com todos os cursos d’água existentes à época. A mudança na paisagem é brusca.

Outra parte interessante são as entrevistas com especialistas. Carlos Nobre (também conselheiro do Planeta), Eduardo Jorge, Paulo Saldiva, Soninha Francine, Rachel Biderman, Raquel Rolnik, entre tantos outros expõem suas ideias em vídeos curtos de cinco minutos, em média. A declaração de João Teixeira, técnico do Serviço de Verificação de Óbitos do Hospital das Clínicas, sobre a poluição na cidade é assustadora: “Ao examinar alguém que morreu em São Paulo é impossível identificar se a pessoa era fumante”.

Esse é só o primeiro site da iniciativa. Ainda haverão mais duas edições, uma para a região sul (prevista para ser lançada em 15 de julho) e outra para a nordeste (15 de agosto) do país.

É legal ver que surgem iniciativas que pensam em como demonstrar melhor para o leitor informações valiosas, mas de difícil assimilação. A rede possui ferramentas cada vez mais fáceis de usar para ajudar nesta árdua tarefa, como comentei no post anterior.

E graças a elas se vê que, realmente, as modificações climáticas não são nada normais.

Imagem tirada por Cia da Foto

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