Ada Lovelace: a primeira programadora

Você sabe quem foi que inventou o primeiro algoritmo a ser lido por uma máquina? Sabe quem é a pessoa identificada como a primeira programadora de computador? Em um mundo matemático com grande maioria de homens, a inventora de tudo isso é uma mulher: Ada Lovelace. O dia 16 de outubro é a data para celebrar sua vida e a inserção de mulheres no mundo científico.

Ada, além de levar o marco histórico de primeira programadora, é também a única filha reconhecida do grande poeta britânico Lord Byron. Sua vida foi marcada pela separação dos pais (o que, para a época, era algo altamente peculiar), a negação de sua mãe em criá-la (grande parte de sua vida foi passada com sua avó) e condenação da figura do pai (que ela nem conheceu, já que Lord Byron faleceu quando ela tinha apenas oito anos). Sua mãe, mesmo distante, orientou para que Ada tivesse uma educação focada em matemática, por crer que os números poderiam suprimir qualquer loucura que a filha tivesse herdado do pai. Assim, Ada desenvolveu suas habilidades por números e até foi considerada como uma possível “investigadora matemática original, ou até de uma eminência de primeira-classe”, como aponta o artigo na Wikipedia em inglês sobre ela.

O algoritmo que a fez ser considerada a primeira programadora foi publicado nas notas de uma tradução para o inglês das memórias de um matemático italiano. O trabalho fazia parte de uma especulação de Charles Babbage chamada “Analytical Engine” (ou motor analítico, em tradução livre). As notas da tradutora, no fim, ficaram maiores do que o próprio artigo, já que Ada complementou o pensamento do italiano com explicações para o público inglês.

A afirmação do papel de Ada na história dos computadores é importante pela luta de igualdade entre gêneros no campo científico. De acordo com um estudo da Universidade de Yale (e publicado pelo New York Times), as faculdades de ciências, tecnologias e matemáticas privilegiam os homens no ensino, na hora de preencher uma vaga de emprego e, até, no valor do salário. Para se ter uma ideia, professores desses departamentos receberam dois currículos equivalentes, mas um com nome de “James”, masculino, e outro “Jennifer”, feminino. O candidato masculino teve muito mais chances de ser contratado do que a de sexo feminino – e até ofereceram um salário maior para ele. E, para piorar, as professoras também compartilham deste preconceito com seus pares.

Por tentar criar consciência sobre o assunto, várias instituições organizam prêmios e celebram conquistas feitas por mulheres. O Global Voices, por exemplo, todos os anos escolhe mulheres ao redor do mundo que são exemplos de atividades extraordinárias nas ciências. O Finding Ada é uma iniciativa que organiza o dia em homenagem à Ada Lovelace e articula organizações para promoverem a data.

E há diversos hackerspaces ao redor do mundo que estimulam a entrada de mulheres no mundo científico. O blog Make: fez uma entrevista com sete mulheres que fazem parte desses espaços para entender as diferenças e dificuldades de se estabelecer em um mundo predominantemente masculino.

Há outras iniciativas também, mas que, às vezes, em vez de incluírem, apenas aumentam as diferenças entre os gêneros, como, a meu ver, acontece com o Mothership HackerMoms, que está levantando recursos no Kickstarter (o Catarse internacional). Em vez de se criar um espaço conjunto, em que homens e mulheres possam conviver e criar juntos, enquanto trabalham e educam seus filhos, neste caso a criação dos filhos aparece apenas como papel da mulher e que deve ser separado de um ambiente para homens. Em vez de acabar com as barreiras, apenas as reafirmam e as aumentam.

Em todo o caso, a data vale para pensarmos mais sobre a questão e entendermos qual é o melhor meio de agir para evitar cair em sexismos que só mais atrapalham do que ajudam.

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