Já comentei bastante sobre como a rede possibilita com que novas vozes surjam no meio da multidão (como o caso do Complexo do Alemão e a comparação com as ágoras políticas), mas até que ponto se pode assegurar que se atinja a audiência certa? Publicar algo em uma mídia social é garantia de chegar naqueles com quem se quer discutir?
Peguemos como exemplo o próprio Facebook. Por meio dele, se pode criar posts sobre assuntos diversos, que vão desde descrever literalmente o que se está passando em sua mente, até criar fanpages para divulgar conteúdos interessantes. Muitas vezes me vejo postando sobre temas que, acredito, deveriam ter mais atenção, como a situação caótica em metrópoles como São Paulo ou artigos e reportagens publicados em websites que vão contra a igualdade entre gêneros. A ideia é criar um ambiente para discussão e, claro, provar um ponto (que as proporções da cidade criam situações bizarras ou que o jornalismo está cada vez mais perdido na falta de limites). As respostas, porém, são em grande maioria em concordância com o que acredito. Quase nunca é alguém me condenando ou discordando. Daí fica a pergunta: até que ponto as pessoas para quem me dirijo pensam diferente de mim? Até que ponto consigo atingir diferentes públicos sobre os temas que discuto?
No caso do Facebook, além de só os amigos dos meus amigos poderem ver as minhas postagens (porque assim delimitei), grande parte das pessoas com quem me relaciono tem algo em comum comigo (trabalhamos nos mesmos lugares, nos conhecemos por meio de amigos ou estudamos no mesmo curso). Há uma linha em comum e, com isso, não há muito troca ou discussão, porque elas acreditam o mesmo que eu. Além disso, a própria rede social possui um filtro de postagens automático que mostra somente as notícias principais em vez de todas as mensagens das suas conexões. Como garantir, então, que seu conteúdo seja lido por aquelas pessoas que se quer tentar convencer?
O mesmo pensamento pode ser aplicado aos blogs. Se você possui um espaço em que publica suas ideias, como expandir e conquistar o público para que, assim, tenha uma audiência diversa e um ambiente de conversa? Se somos todos editores, será que não estamos nos isolando em apenas certos tipos de conteúdo? Será que não estamos criando bolhas de interesse que impedem que vejamos além daquilo que estabelecemos? Será que com a quantidade infinita de possibilidades, não estamos nos restringindo do novo, do diferente?
Não sei.