E já entramos 2012 com discussões para lá de interessantes para o momento em que o Brasil busca mais diretrizes para os seus próximos anos. Com os investimentos para jogos esportivos aí, debates cada vez mais acalorados pela rede e projetos e projeções mais fortes, chega o momento de o país definir: vai ou fica?
O portal de notícia G1 publicou hoje uma reportagem em que exemplifica artistas da indústria fonográfica que defendem a pirataria e outras formas de distribuição informais como meios de promoção de seus trabalhos. Para cantores como Criolo, Gaby Amarantos (conhecida como a “Beyoncé brasileira”) e rapper Emicida, os camelôs e o download de músicas pela rede são formas muito mais eficazes de divulgação do que a tradicional venda de CDs em lojas comerciais. O compacto, assim, funciona apenas como uma promoção para atrair mais público para os shows – apresentações que realmente geram receita e pagam os cachês dos músicos envolvidos.
Neste contexto, são as periferias que mais utilizam e mais ganham com as novas formas de distribuição. Cavar um espaço na indústria fonográfica é extremamente difícil para alguém, que não tem muitos recursos, como eu já comentei neste post. O mercado informal, então, democratiza o acesso às produções de artistas que estão fora do mercado tradicional.
E são elas, as periferias, inclusive, que viraram alvo de uma possível inovação brasileira, como comenta Ronaldo Lemos em sua coluna. Segundo ele, países como EUA e Japão investem na construção de ambientes que sejam férteis e propícios para que a inovação surja. Um instituto de ciência japonês, por exemplo, que envolve a participação de cinco ganhadores do Prêmio Nobel, decidiu não separar sua estrutura por departamentos, como é feito atualmente. Pelo contrário. A organização promove que seus alunos sejam misturados nas salas de aula para que tenham contato com profissionais de outras disciplinas, criando um ambiente mais rico e multidisciplinar.
Para o Brasil, porém, Lemos aposta nas classes mais baixas, como um contrabalanço ao que já é feito nos países mais ricos e uma forma do Brasil despontar como um país inovador. Já que a inovação é focada na elite, o coordenador do Creative Commons no Brasil acredita que incentivar a descoberta de algo novo na e para a base da pirâmide (que engloba cerca de 5 bilhões de pessoas no mundo) pode ser um excelente caminho para o país.
O comentário está muito alinhado com o que acredita o diretor de um dos institutos mais inovadores do mundo, o Media Lab, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos EUA, Joichi Ito. Ele deu uma entrevista à Folha de S. Paulo que comenta o papel do Brasil na busca da inovação e qual pode ser o futuro em relação a novos modelos. “Uma coisa ótima é que vocês não são pressionados por instituições antigas, como Hollywood e outras. Isso significa que vocês podem experimentar modelos alternativos para distribuir entretenimento e arte. No espaço do conteúdo para cultura, especialmente, o Brasil é promissor. Vocês têm um grande mercado para esporte, música”, aposta Ito.
Essas discussões sobre novos modelos e inovação, provavelmente, serão a grande pauta de 2012. O contexto mundial força o Brasil a se definir como um país que entende seu potencial e quer investir ou como se, mais uma vez, viu o bonde passar e perdeu a oportunidade.
Vai ou fica?
Imagem tirada por Elis Regina / EV Imagens e retirada do Flickr