Terroristas teóricos

E aí eu estava em um galpão gigante dividido em 10 salas bem retangulares, sem portas ou paredes na parte da frente e com um corredor interligando-as. Em cada uma havia centenas e centenas de alunos. As áreas de estudo, ao que me parecia, eram somente relacionadas às ciências exatas. Eu tinha a impressão que fazia parte da área de Matemática e estava fazendo algum tipo de prova ou exame. Me levantei e fui conversar com um professor de uma outra área, acredito que Física. Ao chegar lá, avisto uma professora e intelectual gritando com o professor com quem deveria falar. Ela, com seu 1,50m de estatura, rechonchuda, parecendo ter uma mistura indiana e caribenha, esbravejava que era um atento contra a liberdade proibirem sua pesquisa em Física por a classificarem como subversiva. Eu tinha a total certeza que não eram só subversivas suas teorias, mas também revolucionárias. O professor com quem eu deveria falar tentava acalmá-la e, nisso, me envolveu no meio da conversa para ajudar na situação. Nos direcionamos para uma sala envidraçada perto da classe número 1 para ter uma conversa mais privada. Gritos de “terrorista”, “traidora”, “morte” foram ouvidos durante o trajeto. Fechamos a porta. As paredes envidraçadas, então, se transformaram de concreto. E tiros, muito tiros podiam ser escutados. No lado de fora, começou uma guerra entre os professores e alunos considerados “terroristas” contra um grupo de governo repressor. Mais tiros. Muitos tiros de todos os lados. Sem conseguir resolver a situação dentro daquela sala minúscula, decidi sair para ver o que estava acontecendo. Balas passavam em minha frente formando linhas prateadas fulgazes. Ao meu lado direito, uma sala com a porta fechada onde estaria o grupo governamental repressor. Em um ato de total ansiedade para resolver a situação, arrombei a porta para vê-los e entender melhor a disputa. Vi, de relance, uma faixa preta com escritos brancos em um alfabeto que desconheço e escutei um grito de comando um segundo antes de ser alvejado por balas por todos os lados. Consegui sair da linha de tiro e fui caminhando em direção à saída. Uma escada com uns 25 degraus, onde algumas pessoas estavam esperando o conflito acabar, levava à saída. Ao subir os primeiros degraus, não resisti ao cansaço e deitei chorando, como se a ausência do medo era somente momentânea e que, depois dali, muita coisa ainda teria que ser feita.

Acordei por causa da força do choro.

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