Gambiarra: o precário como inovação


O que antes de se achava representativo de subdesenvolvimento, hoje se diz como o futuro e uma bela alternativa ao consumo exacerbado das tecnologias. O Brasil, que era o lanterninha da inovação, está saindo cada vez mais como exemplo em experimentação e resignificação tecnológica.

Por aqui pelo Paisagem Fabricada, eu já comentei várias vezes sobre esse processo do precário em relação às tecnologias, seja comentando sobre o uso delas nas periferias, apontando projetos que se inspiram no terceiro mundo para mudar o primeiro, mostrando a resignificação da tecnologia ou explicando grupos que trabalham para isso. Agora, a estética da gambiarra vaza pelas  fronteiras e é comentada até internacionalmente.

O blog we make money not art (algo como ‘nós fazemos dinheiro não arte’), uma grande referência no mundo da arte, fez uma entrevista com um dos integrantes do grupo Gambiologia, Fred Paulino, para entender melhor o que é gambiarra e porque é intrínseca à cultura brasileira. Eu entrevistei Paulino para a minha pesquisa sobre arte e tecnologia no Brasil graças a um edital da Funarte.

“Gambiologia é algo como ‘a ciência da gambiarra’, que é uma prática cultural brasileira de resolver os problemas de forma criativa e alternativa com baixo custo e muita espontaneidade, ou dando significados incomuns aos objetos do dia-a-dia”, explicou o mineiro para o blog internacional sobre arte.

Cito esta estrevsita aqui porque é importante perceber o significado que as experimentações brasileiras estão ganhando lá fora. Além de um importante site informativo de arte estar interessado no tema, uma das obras construídas pelo grupo Gambiologia recebeu menção honrosa em um dos maiores prêmios de arte eletrônica do mundo, o Prix Ars Electronica 2011, graças ao Gambiociclo. Por mais que se pareça com uma estética associada ao precário, representa a aproximação das tecnologias ao cidadão comum, ao uso além do profissional e do design.

As experimentações brasileiras estão sendo vistas de perto, como um exemplo de democratização dos recursos e reutilização daquilo que era considerado inútil. Inovamos pela falta de recursos, por ser necessário buscar outros meios para fazer as mesmas coisas. E até melhores.

Vale prestar atenção!

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