Festival BaixoCentro: cultura, intervenção e tecnologia

Já parou para pensar que as ruas, em vez de receberem apenas veículos para transporte, podem ser usadas também para dançar? O Festival BaixoCentro (que eu já comentei aqui, quando estávamos na época para captação de recursos pelo Catarse) começou nesse fim de semana, 23 de março, comprovando que o asfalto também pode ser um belo palco para a dança.

No primeiro sábado da semana de atividades culturais que ocuparão a região central de São Paulo – mais especificamente a esquecida pelas políticas públicas governamentais -, o Festival organizou um Piquenique do Compartilhamento com a presença do Ônibus Hacker. Enquanto o DJ Tutu Moraes saía da Praça Roosevelt e se dirigia ao Largo do Arouche com seu cortejo Santo de Rua, os participantes do evento levaram seus notebooks, Hds e pendrives para compartilhar arquivos, seja filmes, músicas ou qualquer aplicativo. A ideia era fazer uma grande feira de troca de arquivos digitais. Tudo pelo compartilhamento!

Ao som de bandas como EletroUrbana e Os Augustos, o público pôde acessar a internet por meio de um hub de modems 3G que o pessoal do Busão Hacker criou, participar de uma oficina de #poesiahacker e discutir questões sobre cultura livre, dados abertos e como usar as tecnologias para fins sociais. Tudo misturado com intervenções artísticas, preocupação com ocupar os locais públicos da região conhecida como baixo centro da cidade e outras atividades culturais. Foi lindo de ver!

Lá para o começo da noite, o DJ Tutu Moraes chegou com o nosso carrinho multimídia. Nós compramos um triciclo com um bagageiro na frente para colocar um equipamento de áudio e vídeo. Caixas de som, mixers, projetores, pickups e qualquer outro utensílio multimídia para levar filmes e música para qualquer lugar. Só sair pedalando e tocando. Foi assim que fizemos o cortejo pelas ruas centrais ao som de muita música brasileira. Cerca de 2.500 pessoas desceram conosco da Praça Roosevelt até o Largo do Arouche apreciando a região à noite e usando o asfalto como palco para vários passos de dança.

A tecnologia aqui está misturada com questões urbanísticas e culturais. Não é algo separado, mas um viés que pode ajudar na articulação e novas atividadades. Quando você pensaria que um piquenique seria a melhor hora para pegar o arquivo daquele filme ou daquela música que não sai de sua cabeça? E o carrinho, com todos os aparatos tecnológicos, é um bom meio de divulgação de cultura, já que pode ser levado para qualquer lugar, alimentado por bateria ou gerador e transporta diversos materiais. Foi um similar ao da foto acima, aliás, que usamos para montar o Cinóia, um cinema embaixo das estruturas do Minhocão que usava uma tela de 4 metros.

É ou não é uma mudança de paradigmas?

Para ver a cobertura colaborativa do Festival, clique aqui. E para conferir a programação completa até o dia 1º de abril, entre aqui.

Na foto, Andressa Vianna e Lucas Pretti mexendo no carrinho. Tirada por Kelli Garcia.

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