Bochechas lisas trespassadas por grossos pelos pretos que suavizam
ainda mais os traços da face. Os óculos só o são para dar o charme de
serem retirados e esconderem o mundo de um ser destinado à graça do
diminutivo: lindinho. Os pequenos lábios foram devidamente treinados a
seguir a cadência de frases cantadas em uma região do país. E também
são a entrada mais fácil para um mundo ingenuamente árduo. “É o que
tem para hoje.” Dentro se vê a leveza de um ser sincero. Encantador. A
confusão de suas ações só é coerente com a ordem de um desejo além
corpo. “É aqui, ó, no coração.” E esquece tudo que quer por um bem
racional: a construção. A paixão, então, se vai como um passado a ser
lembrado de repente, quando bate a felicidade de se ser grato por ter
vivido grandes amores. E, mesmo velho, murcho, estampará o sorriso ao
sentir reecoar palavras que lhe foram lambidas em seus ouvidos. E
olhará para o gélido sentimento em seu corpo e lembrará: “é aqui, ó,
no coração”. E verá que, por fim, esqueceu de tudo por tempo demais.