Celulares extraordinários


Tenho tido um interesse especial pelas funcionalidades que um telefone celular é capaz de propiciar ao seu dono. Desde gravar vídeos e tirar fotos simples, quanto fornecer uma gama de oportunidades graças aos aplicativos disponibilizados gratuitamente. Aliás, os aplicativos, hoje, são a nova moda do verão. Qualquer um que quiser estar presente amanhã, deve começar a pensar em como aplicar o seu produto nessas pequenas máquinas.

Aqui no Brasil, a realidade ainda é um pouco distante em relação à proliferação do uso do 3G ou do pacote de dados nesses aparelhos. De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 53,8% da população brasileira já possui celular, mas a maior parte desse número pertence à elite. Segundo o estudo, a média de anos de estudo dos que possuem o aparelho é de 9,2 anos,  contra 5,2 dos que ainda não têm. E quanto maior a renda, maior a probablidade de se ter o aparelho.

Lá fora, porém, podem-se encontrar diversas iniciativas focadas na ubiquidade dos aparelhos celulares. Um grande exemplo é o The Extraordinaries. Como diz seu website, “Os Extraordinários permitem que as pessoas completem microtarefas para organizações, causas ou pessoas pelas quais elas são apaixonadas, por meio de um telefone celular ou navegador da internet, nos poucos minutos que sobraram de seu dia”.

A ideia é que todos possuem algum tempo livre durante seu dia-a-dia, por mais corrido que ele possa ser. Na fila do banco para pagar as contas, na estação do metrô enquanto o trem não chega, no restaurante por causa do atraso de um amigo, enfim, sempre sobram alguns minutos para você dedicar para uma causa social. Então, por que não usá-los?

O que poderia ser feito? Desde traduzir o site de uma organização para uma língua estrangeira até demarcar buracos nas ruas para que as autoridades consigam atuar. Um belo uso da tecnologia foi quando aconteceu o terremoto no Haiti. Em quatro dias, os desenvolvedores da empresa criaram diversas ferramentas para publicar conteúdo sobre o que acontecia no país, catalogar as informações de fotografias e vídeos disponíveis na internet e ajudar as famílias a encontrar parentes perdidos.

O sistema funcionava da seguinte forma: por meio do site ou do aplicativo para celular, as pessoas respondiam perguntas simples referentes às informações mostradas, como “essa imagem está diretamente ligada ao terremoto no Haiti?”, “Existem pessoas nesta foto?” ou “Você consegue distinguir um rosto perfeitamente nesta imagem?”. Os voluntários, depois de responderem às questões básicas, podiam colocar mais informações, como detalhes da roupa, características da fisionomia ou descrição melhor do local.

Eles criaram, assim, um banco de dados por meio do qual os familiares conseguiam procurar e achar seus parentes. Das 746 possíveis pessoas desaparecidas, 24 foram encontradas. Parece pouco, mas pelo menos 24 familiares tiveram seu ente querido de volta ao lar. E, além disso, os engenheiros criaram uma tecnologia e um sistema que poderão ser usados em outras ocasiões – espero que não tão trágicas quanto a que aconteceu no país caribenho.

Aqui no Brasil, alguns portais de notícias permitem que seus leitores contribuam com conteúdo e denunciem algo de errado que acontece em sua cidade. Mas, ainda, é algo pequeno, que não possui muita abrangência. O grande lance é pensar no futuro. Daqui a pouco, qualquer um em terras tropicais será um potencial “extraordinário”, fazendo trabalho voluntário por meio de uma pequena máquina portátil que carrega no bolso.

Imagem tirada por DavidDennisPhotos.com

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