O círculo, para mim, sempre foi mais intrigante que o pêndulo. Embora o último represente até as batidas do relógio – tic-tac-tic-tac-tic-tac -, o primeiro demonstra a real complexidade com que o Tempo trabalha. Passa lentamente, abrindo graus obtusos até atingir o ponto máximo de contradição. Depois de muito ponderar, ele volta a graus agudos, esperando a reconciliação fatal do ponto onde saiu. E mais um dia morre. Mas outro começa. O círculo, como o seu formato demonstra, espera que tudo volte ao normal, ao inicial, ao status quo. Não é à toa que ele foi escolhido para representar o relógio. É ele que determina desde a hora que você levantará da cama, até o momento em que o alimento te satisfará por completo. O único problema é que humano não é círculo. Ele gosta de quebrar barreiras do pré-estabelecido e buscar meios de subverter o status que lhe foi implantado. Isso bem na teoria, pois volta-e-meia (não à toa a escolha da expressão), ele cai no mesmíssimo lugar, embora em um contexto diferente. Daqui a quatro meses, quebrarei um status que me estabeleceram. Vou responder a um chamado que tive desde quando me lembro por gente. Agora, só não sei para que direção ir. Irei em busca da contradição ou buscarei a morte de mais um dia para ver o mais novo chegar? É a virada.