Wikileaks: o poderio da sociedade civil


E mais uma vez a informação vazou. E vazou de forma que não se pode mais segurar. Em poucos dias, diversos espelhos, pessoas presas, ataques a companhias de cartões de crédito e de pagamento online, articulação de hackers, movimentos sociais em protestando e um presidente de uma nação afirmando: cadê aqueles que se dizem a favor da liberdade de imprensa?

O site Wikileaks, mais uma vez, vazou documentos sigilosos sobre as comunicações de embaixadas e do governo dos EUA. O caso teve uma repercussão surpreendente: em pouco tempo, o responsável pelo site Julian Assange teve sua prisão decretada pelo governo suéco por acusações de suposta violência sexual. E dois dias depois a empresa responsável pela hospedagem do site, a Amazon (essa mesma! A que tem uma loja eletrônica gigante), decidiu tirar a página do ar por pressão do governo norte-americano, como informou o senador Joe Lieberman.

E não parou por aí. As empresas de cartão de crédito Mastercard e Visa, além da maior companhia de gerenciamento de pagamentos online PayPal, cortaram os serviços prestados ao Wikileaks, como o repasse de doações. Não houve dúvidas: um grupo hacker se reuniu e decidiu atacar as empresas, tirando seus serviços do ar em protesto.

Tendo este panorama, diversos pensadores sobre a rede saíram em seus blogs e colunas fazendo análises sobre o que esse fato traria para a estrutura que a internet é hoje. Alguns pessimistas, crêem que os acontecimentos trarão respostas de maior controle à internet, uma vez que a entidade que gerencia os endereços na internet, a ICANN, é ligada ao Departamento de Comércio dos EUA – governo que, ressaltando, procurou vedar o projeto de todas as formas.

(Como eu falei anteriormente, a questão da neutralidade da rede está cada vez mais quente e em pauta, já que diversos governos estão criando leis para restringir o acesso e o que se pode fazer em meios virtuais).

Já eu, que sou um otimista neste assunto, acredito que a resposta que se teve à prisão de Assange é assombrosamente simbólica. Ela mostra a força que a sociedade civil, ou seja, todos nós, que temos acesso às tecnologias, ganhou em relação a questões e acontecimentos internacionais. Pela primeira vez, consegue-se ver pessoas comuns indo contra decisões de governos e mobilizando a imprensa internacional.

Agora, imagine algum outro acontecimento mais forte do que a prisão do Assange (que já é forte o bastante, pois é o maior governo do mundo indo contra a liberdade de imprensa e escondendo segredos)? Como será que os hackers de todas as nações poderão se comportar? Em poucos minutos, poderemos encontrar civis indo contra corporações e governos de forma ordenada e defendendo, realmente, interesses públicos.

Seria a Primeira Guerra Civil Mundial?

E, finalmente, o poder aos que merecem o poder?

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