O terceiro mundo melhorando o primeiro


É muito comum presenciarmos conversas aqui no Brasil comparando a cultura brasileira à de países considerados desenvolvidos, como se eles fossem as únicas referências possíveis para o futuro de uma sociedade. Não é mentira, contudo, que ainda há muito o que se fazer por aqui, mas será que devemos nos espelhar em uma sociedade que já demonstrou estar em colapso?

Há uns meses, vimos uma crise financeira capitalista sem precedentes. Encontramos cada vez mais pessoas com problemas físicos, como a obesidade por exemplo, por viver em uma sociedade em que a qualidade de vida é posta à prova a todo momento.

O Brasil deve seguir os mesmos passos? Esse é um questionamento similar ao que a criadora do “Design for the first world” (ou “design para o primeiro mundo”, em tradução livre) teve para desenvolver o projeto. A ideia surgiu quando Carolina Vallejo deveria fazer como trabalho da faculdade um design que resolvesse um problema de uma comunidade de algum país do terceiro mundo. E como ela diz no site, “por que você acreditaria que pode fazer um design para resolver um problema do que chamam de Terceiro Mundo – um mundo que você não conhece – em uma semana? Bem, porque o Bono nos disse que podíamos”.

É com essa ironia que o projeto de Vallejo convida os cidadãos dos países em desenvolvimento a criarem designs que resolvam problemas do primeiro mundo, como a obesidade, os baixos indíces de natalidade, o consumismo excessivo e a integração dos imigrantes na sociedade. E como diz uma das frases de efeito do site, “Problemas do primeiro mundo exigem soluções simples do terceiro” (em tradução livre).

O participante da competição manda vídeos, textos, fotos, desenhos, enfim, qualquer tipo de material que explique a ideia e como resolveria o problema de uma comunidade em uma das áreas acima. Um júri composto por profissionais dos países em desenvolvimento (ou que estudem essas regiões) elegerão o melhor trabalho para receber o prêmio de US$ 1.000 e participar de uma exposição em uma galeria de Nova Iorque. As inscrições vão até o dia 30 de maio, ou seja, domingo que vem!

O mais interessante da competição, porém, é mostrar que realmente os países  desenvolvidos podem não ser os melhores exemplos para outras nações. Não tem como olharmos para eles e só vermos as qualidades e ignorarmos os defeitos. Isso, para mim, se tornou bem evidente quando escrevi o post no Trezentos sobre a lei anti-fumo no estado de São Paulo, da qual sou fervorosamente contra. Para esquentar ainda mais o debate, decidi entrar na comunidade do Orkut a favor da lei. Apanhei horrores, mas percebi que um dos argumentos de defesa para que este tipo de restrição aos fumantes continue é que em cidades como Nova Iorque e Paris o mesmo acontece.

Será que não conseguimos pensar em algo melhor para nós ou até mesmo para eles?

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